Sempre fui um menino de coração inquieto, o silêncio de pequenas grandes histórias que observava no meu quotidiano, morriam e infelizmente se limitavam a memória dos que o viveram ou pelo espírito de partilha “boca a boca” dos sortudos que tiveram acesso a dita informação, um fenómeno recorrente em África.
Mas porquê que essas pequenas e grande historias morriam solteiras? Abria um jornal e dava a entender 2 coisas: a primeira é que o mundo e o meu redor, tudo se resumiam a um caos, uma desgraça autêntica e que eu poderia ser o próximo alvo (lá está a famosa “cultura do medo” tão falada por Mia Couto) ou que o mundo era uma maravilha (mais que dado ao meu escalão social estou inibido de usufruir dos louros). Mas sempre fui um menino inquieto, um menino sonhador, há quem diga que sou um enfermado de sonhos, no entanto como presumo que não existam hospitais que possam curar-me dessa doce enfermidade, a única possível “doença” que me seduz, que me faz viver com o brilho nos olhos a cada amanhecer, então continuo alimentando o desejo de concretizar todos os sonhos.
Não me recordo com exactidão quando cheguei a Global Voices, mas o encanto ainda vive em mim, como se da primeira vez trata-se.
Chegar a Global Voices foi um misto de emoções, tantas histórias locais que ganharam voz, tantos silêncios forçados que se tornaram o grito de todos, mais e o meu país? Era escassas histórias sobre a pequena e quase desconhecida ilha no centro do mundo (São Tomé e Príncipe), o mundo desconhecia as vitorias, fracassos, os amores, os sonhos das crianças, desconheciam os ingredientes que davam asas a sinfonia conjunta vivida a cada despertar pelo meu povo.
E assim movido pelo desejo de dar a conhecer essas histórias, esses gritos calados do meu país, que me levou a entrar na senda da família Global Voices. Essa família é hoje para mim um outro olhar sobre o que acontece no mundo, a ponte entre o acontecimento e seus intervenientes, podendo ser directos ou não.
Interpreto e afirmei em muitas conversas e circunstancias informais, da qual sou questionado sobre: o que é Global Voices? E tenho feito similaridade aos eventos TEDx, é um palco onde as historias ganha protagonismos de tal forma que em muitas circunstancias os considerados “outros” tornam “Nós”! O TEDx e Global Voices têm muitas similaridades, deve ser por isso que me identifiquei-me logo com o projecto, enquanto organizar TEDxSãoTomé era um simples sonho de uma criança sonhadora!
No Global Voices, vivemos todos da sede de dar conhecer ao mundo, as historias que calaram ou forma forçados a silenciar, abordamos os detalhes que a maioria ignora, o único diferencial (creio eu) é que no fundo não contamos coisa alguma, somos um palco onde quem verdadeiramente conta as histórias são os seus verdadeiros atores. Somos vários meninos e meninas com coração inquietos, querendo construir um mundo de livre informação, cuja partilha seja global, sem limitações. Parabéns Global Voices , continuamos a almejar um mundo em que o sorriso seja vivo como os sonhos são para alma!
2 comments
Lindo relato, menino Mario! Não vejo a hora de conhecer você e ouvir todos os seus sonhos!